O aumento do nível de escolaridade entre as empreendedoras brasileiras, que alcançou nível recorde em 2022, não foi suficiente para assegurar uma redução da desigualdade financeira entre homens e mulheres no país.
Um novo estudo realizado pelo Sebrae, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, em média, os empreendedores homens obtinham um rendimento mensal 16% acima das mulheres, no 3º trimestre do ano passado, mesmo elas sendo mais escolarizadas.
O estudo revelou que a diferença da remuneração entre homens e mulheres, que chegou a cair ligeiramente no primeiro trimestre de 2021 (para 14,5% a favor dos homens), voltou a crescer no ano passado, apesar do avanço consistente na formação das mulheres. Nesse período do ano passado, enquanto as empreendedoras apresentaram um rendimento médio de R$ 2.360, os empreendedores estavam com R$ 2.737.
Embora a escolaridade dos homens também tenha crescido nos últimos seis anos, a evolução do nível de ensino entre as empreendedoras foi bem mais expressiva. O percentual de mulheres com nível superior saltou de 22% para 28%, enquanto a proporção de donas de negócios com nível médio alcançou 40%. Consequentemente, o número de empreendedoras com nível “fundamental” atingiu o menor nível da série histórica: 22%. Entre os homens, 17% têm nível superior, 37% nível médio e o mesmo percentual do nível fundamental.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, ressalta que a pesquisa reforça a necessidade do país desenvolver políticas públicas que estimulem o ingresso de mulheres na atividade empreendedora e que assegurem melhor remuneração para as donas de negócios.
“Apesar da evolução do nível de ensino das mulheres, a disparidade da remuneração em comparação com os homens persiste. Essa mudança passa pela ampliação da presença das mulheres nos segmentos mais qualificados e com melhor nível de faturamento”.
Melles ainda acrescentou que, mesmo com a proporção de mulheres com formação superior sendo 11 pontos percentuais superior à dos homens com a mesma escolaridade, eles continuam com um rendimento 16% superior ao delas.
Tempo de atividade também é maior entre os homens
A pesquisa também revelou que homens são mais velhos e estão há mais tempo na atividade atual, comparados às donas de negócio. Na faixa etária entre 35 anos e 54 anos, a proporção de homens e mulheres é a mesma (48%). Mas elas são maioria na faixa mais jovem – até 34 anos – onde representam 32% contra 28% dos homens. Já os donos de negócios dominam na faixa etária de 55 anos ou mais. Entre os mais velhos, os homens são 24% e as mulheres 19% do universo.
Atividades desempenhadas
Apesar da diferença de rendimento médio, em algumas atividades as mulheres apresentam faturamento melhor do que os homens.
Ainda assim, entre as 102 atividades analisadas no estudo, em 68% os homens têm rendimento médio acima do registrado pelas mulheres. Saiba onde elas e eles ganham mais:
Segmentos onde a remuneração média das mulheres é superior:
- Seguro, saúde e previdência privada (corretagem)
- Atividades paisagísticas
- Atividades esportivas
- Outras atividades e serviços pessoais
- Comércio de tecidos
Segmentos onde o rendimento médio dos homens é superior:
- Serviços de apoio à educação
- Fabricação de produtos químicos
- Produtos de carne e pescado
- Com. matéria-prima agrícolas e animais vivos
- Serviços de tecnologia da informação
*Com informações Agência Sebrae